COMO A IGREJA ESTÁ ACOLHENDO OS/AS JOVENS?
Pergunta difícil de ser respondida principalmente pela pluralidade que ela traz nas principais palavras: IGREJA E JOVENS. Somo uma só Igreja, mas diversos são os jeitos de nos organizarmos e como Igreja nós temos variadas formas de entender a vida em comunidade, apesar de seguirmos o mesmo Evangelho e a mesma doutrina, nossa Igreja é enorme e muito plural. Por falar em pluralidade precisamos também dizer que falar de juventude é lembrar toda a diversidade que ela traz consigo e por isso é preciso muito cuidado para responder essa questão.
A Igreja começa a conhecer e a organizar os jovens através da Ação Católica Especializada, onde tínhamos os grupos JAC, JEC, JIC, JOC e JUC, os quais trabalhavam com os jovens das realidades: agrária, estudantil, independente, operária e universitária respectivamente. Essa foi a primeira forma que a Igreja encontrou para acolher e cuidar da juventude daquela época, depois vieram as herdeiras dessa organização que foram as Pastorais da Juventude: a PJMP, para organizar os/as jovens das classes mais populares e dos setores da sociedade mais excluídos e esquecidos, a PJE, para articular os/as jovens da escola, a PJR para envolver os/as jovens do campo e a PJ para acompanhar os/as jovens dos grupos das comunidades.
Assim foi por muito tempo o jeito que a Igreja adotou para revelar o seu rosto jovem e nesses grupos através de vários elementos pedagógicos e proféticos foi formando jovens protagonistas, conscientes e construtores/as do Reino de Deus, da tão sonhada Civilização do Amor.
Com o passar do tempo a Igreja foi encontrando outras formas de acolher e organizar a juventude, daí foram surgindo vários grupos, movimentos, novas comunidades, congregações, etc. As Pastorais da Juventude não perderam o seu espaço, mas foi aprendendo a partilhá-lo com as inúmeras expressões juvenis que foram aparecendo pelo caminho. Com essa diversidade de formas de organização, os/as jovens passaram a de forma livre, quando é possível, escolher o grupo com o qual se identifica e através dele viver o seu jeito de ser Igreja e de encontrar-se com Jesus Cristo.
O perigo é quando a Igreja não está pronta para acolher essas diversas expressões e põe entre os grupos métodos de comparação e até mesmo de hierarquia. Não nos cabe determinar qual é a melhor forma de se organizar e acolher a juventude, é preciso nos preparar para que consigamos dialogar com esses/as jovens e apontar para eles/as caminhos que proporcionem uma formação religiosa e social que lhes promovam um amadurecimento no processo de educação na fé.
Pesquisas apontam que a grande maioria dos/as jovens acredita em Deus, mas não possuem vínculos de compromisso com as religiões. Penso que esses dados nos desafiam quando propomos através da Igreja uma vivência do/a jovem com Deus e a juventude, mesmo crendo em Deus, não encontra na religião um espaço interessante e atraente.
O que nos falta? Pensando nessa questão gostaria de apontar algumas questões fundamentais: Promover espaços de escuta onde os/as jovens possam partilhar as suas vidas, ajudar ao jovem a perceber o valor e a beleza da espiritualidade enraizada, inculturada e libertadora, não fazer pelo/a jovem respeitar o protagonismo da juventude, estimular a construção de projetos de vida pessoais e comunitários, incentivar espaços de reflexão e aprofundamento das questões de afetividade e sexualidade, derrubar as cercas e ir ao encontro dos/as jovens em suas realidades, formar lideranças coerentes e testemunhas da sua fé, valorizar e apoiar as diversas iniciativas artísticas do mundo juvenil e estimular a juventude a viver bem a sua militância assumindo uma causa para doar a sua vida e para colaborar na construção do mundo mais justo e mais pacífico como todos/as sonhamos.
Como Igreja nós estaremos acolhendo cada vez melhor a juventude quando amarmos de forma incondicional, gratuita cuidadosa e respeitosa cada um e cada uma que se coloca a disposição para somar nesta comunidade de discípulos/as missionários/as de Jesus Cristo.
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